
Instituto do Câncer Infantil e Hospital Pediátrico de Brasília
Projeto fruto da parceria entre a Abrace e o GDF oferecerá serviço com alta tecnologia e atendimento especializado
Em 1986 um grupo de pais cujos filhos faziam tratamento de câncer no Hospital de Base do DF fundou a Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias – Abrace. Dessa união nasceu uma das instituições filantrópicas mais respeitadas do país e reconhecida internacionalmente pelo seu trabalho em dar assistência a crianças e adolescentes visando a cura e a qualidade de vida.
A realidade de quem precisa passar por um tratamento contra o câncer é dura e cheia de entraves. Para se ter uma idéia, quem precisa de um transplante de medula óssea na rede pública de saúde só pode ter atendimento nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. A Abrace decidiu então abraçar outro grande desafio atuando diretamente no tratamento do câncer. Surgiu então o projeto do Instituto do Câncer Infantil e Hospital Pediátrico de Brasília. A obra orçada em 30 milhões de reais é uma parceria entre a Instituição e o GDF. Para tanto, a secretaria de saúde do DF doou um terreno de 55 mil metros quadrados e todos os equipamentos. A Abrace por sua vez é responsável pela captação de recursos para cobrir as despesas de construção do Hospital, cerca de 30 milhões de reais. Para tanto, a instituição conta com o dinheiro de campanhas de arrecadação e doações especificas para a obra.
Em dezembro do ano passado foi celebrada a conclusão da primeira fase do Hospital. A unidade será de atendimento ambulatorial para crianças de zero a 18 anos nas mais variadas especialidades como cardiologia, pneumatologia, oncologia etc. Ao todo serão oferecidos em torno de setenta mil procedimentos ao ano, o que significa o dobro dos atendimentos prestados até então pela rede de saúde. “Nosso objetivo é seremos referência no atendimento pediátrico. Para tanto, o Hospital foi planejado e construído de maneira temática e funcional voltado para esse público específico”, destaca a Dra Isis Magalhães, onco-hematologista e integrante do conselho técnico da Abrace.
Na primeira fase Hospital Pediátrico já dá prá se ter uma idéia da grandiosidade do Projeto. Já no hall de entrada do complexo o diferencial é percebido. As imensas luminárias têm o formato de bolas que parecem flutuar logo acima de nossas cabeças. No local serão realizadas exposições artísticas. Os consultórios ficam localizados nas abas direita e esquerda. Ao todo são 30, além da brinquedoteca, sala de descanso e espera dos pais, salão de treinamento e auditório. Todos os ambientes são temáticos, incluindo os corredores que dão a impressão de estarmos dentro de um submarino, inclusive com janelas redondas. A ambientalização foi planejada por um profissional do Recife. Os tons de verde e azul remetem à impressão litorânea. “Tudo foi planejado dentro de um ambiente funcional. Além disso, cada bloco de especialidades será decorado de forma a remeter a uma respectiva região do Brasil”, explica a Dra Ísis.
Nesta primeira unidade as crianças que foram submetidas ao transplante de medula óssea receberão o tratamento pós-transplante, que atualmente é realizado nos estados onde realizam o procedimento. Portanto, não precisarão passar pelo desgaste das viagens periódicas. Para entrar em funcionamento só faltam os equipamentos que já estão em processo de aquisição. “Queremos estar em pleno funcionamento ainda no segundo semestre deste ano”, diz a Dra. Ísis que ressalta a concretização desta primeira etapa como um modelo a ser seguido. “Esse projeto é o maior exemplo da parceria entre a comunidade científica, o estado e a comunidade. Nosso alvo é a evolução dentro de um contexto de atendimento humanizado e realizado com o que temos de mais avançado no nível de conhecimento e tecnologia”.
“A finalização desta etapa da obra mostra o que a sociedade movida por valores tão importantes como a solidariedade pode fazer. Temos ainda que equipar e mobiliar esta fase para colocá-la em funcionamento, além do desafio de erguer a segunda. Mas ao chegarmos até aqui, sabemos que venceremos mais esta etapa”, explica Ilda Peliz, presidente da Abrace.
Por Adriana Cury